QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS DO BRASIL: Biomas brasileiros e o Espaço Agrário

A Geografia do Brasil presente na prova do ENCCEJA se concentra em três tópicos principais: os Biomas brasileiros, o Espaço Agrário brasileiro, e os problemas socioambientais que afetam os biomas.

BIOMAS: O QUE SÃO E O QUE PRECISAMOS SABER?


O que é um bioma? Segundo a definição do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística:

"Bioma é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação que são próximos e que podem ser identificados em nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem."

(DISPONÍVEL EM: https://educa.ibge.gov.br/criancas/brasil/nosso-territorio/19635-ecossistemas.html )


Podemos identificar no Brasil 7 biomas principais, levando em conta a vegetação: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Pampa (ou campos) e Vegetação Litorânea (restingas).

BIOMA

CARACTERÍSTICA

CAUSAS DA DEVASTAÇÃO

Amazônia

Grandes árvores de folhas largas, adaptadas a clima equatorial (quente e úmido).

Expansão da fronteira agrícola; Garimpo ilegal; Extração ilegal de madeira.

Pantanal

Vegetação de planícies alagadas, de clima quente e úmido. São plantas adaptadas a solos alagados.

Apesar de ser o bioma mais preservado, ele sofre atualmente com as queimadas.

Cerrado

O cerrado é considerado uma Savana, com vegetações típicas de clima tropical quente e seco, embora seja marcado pela ocorrência de duas estações bem definidas: uma mais quente e úmida e outra mais fria e seca.

Expansão da fronteira agrícola.

Caatinga

É um bioma tipicamente brasileiro, com vegetações adaptadas ao clima semi-árido, que é quente e com poucas chuvas.  Ex: cactos, plantas arbustivas.

Desmatamento para produção de lenha e para cultivos agropecuários extensivos.

Mata Atlântica

É o bioma mais devastado. A Mata Atlântica é uma floresta tropical, tal como a Amazônia, com algumas diferenças. Muito presente no sudeste e sul do país.

Urbanização, crescimento desordenado das cidades.

Pampa (campos sulinos)

A vegetação de pampa é composta por gramíneas de pequeno porte. Há também vegetações rasteiras e árvores de pequeno porte. Está presente no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.

Expansão da fronteira agrícola.

Vegetação Litorânea

Vegetação que abrange as faixas litorâneas, como beiras de praia. As restingas ajudam a conter o avanço do mar e estabilizam as dunas das praias.

Urbanização, crescimento desordenado das cidades. 


(Obs: o exemplo mais emblemático é o avanço da cidade em Balneário Camboriú / SC)




Essa tabela resume as características principais dos tipos de vegetação dos biomas e os problemas ambientais que afetam cada um. Vejamos a seguir a localização geográfica de cada bioma, com imagens representativas de suas vegetações.



O ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO


Outro tópico importante da Geografia do Brasil que cai no ENCCEJA, e também sempre está presente no ENEM e nos Vestibulares são os problemas sociais presentes no campo.



Diferentemente de outros países, como os Estados Unidos, o Brasil foi uma colônia de exploração, onde as terras ocupadas pertenciam à coroa portuguesa, que estabeleceu um sistema de capitanias hereditárias para controle de território, e as sesmarias, onde as terras não pertenciam a quem nela trabalhasse, não havia o direito de propriedade. Boa parte da zona rural brasileira foi assentado nesse modelo de organização criado pela monarquia portuguesa, um modelo atrasado e análogo ao feudalismo, que resultou numa extrema concentração de terras nas mãos de poucas pessoas. Chamamos essas grandes propriedades rurais de latifúndios. Essa desigualdade no campo se deu porque, mesmo com o fim do domínio português, e do sistema de sesmarias, a Lei de Terras (1850) assinada por Dom Pedro II, garantia o direito de propriedade apenas por meio de compra, garantindo o acesso à terra apenas a poucas elites.

Por esse motivo que muitos trabalhadores rurais vão reivindicar a REFORMA AGRÁRIA, que é a redistribuição das terras no Brasil. Diante da pressão social pela reforma agrária nos anos 60 e 70, durante a ditadura militar foi criado o INCRA (instituto nacional de colonização e reforma agrária) responsável pelo cadastro de imóveis rurais e o assentamento de famílias cadastradas. Mesmo com a criação do órgão, a reforma agrária não avança muito, fazendo com que surjam movimentos pela reforma agrária, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), por exemplo.

Com o fim da ditadura no Brasil, a nova CONSTITUIÇÃO DE 1988 garante grandes mudanças, entre elas a “FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE”. De acordo com a (então nova) constituição, a propriedade que não cumprir sua função social pode ser desapropriada para a Reforma Agrária. Em outras palavras, a constituição agora garante que terras improdutivas e/ou não utilizadas podem ser desapropriadas para serem distribuídas às famílias de trabalhadores rurais. Por esse motivo, o MST promove a ocupação de terras que possam ser desapropriadas pelo governo, com o intuito de pressionar o processo de reforma agrária e de assentamento das famílias.

 

 

DIFERENÇA ENTRE AGRONEGÓCIO E AGRICULTURA FAMILIAR 


É importante destacar aqui a diferença entre ambos conceitos. As grandes propriedades rurais vão produzir “monoculturas” para exportação, ou seja, para vender para outros países. Isso é o que chamamos de Agronegócio: tratam-se de grandes propriedades rurais que produzem poucos tipos de produtos (como soja, por exemplo) para vender para o exterior. Já a Agricultura Familiar consiste em pequenas e médias propriedades rurais, e produzem diversidade de gêneros alimentícios voltados para o consumidor brasileiro.


Você pode observar no gráfico da 1ª figura anterior várias diferenças. Uma delas é que a Agricultura Familiar utiliza menos terras e mais mão-de-obra, enquanto o Agronegócio utiliza mais terras e menos mão-de-obra. Por que isso ocorre? Porque o agronegócio conta com grande mecanização, utilizando grandes máquinas e equipamentos modernos que exigem pouca mão-de-obra em plantações e colheitas.

 

A QUESTÃO INDÍGENA




Outro conflito comum no campo, especialmente na região amazônica, é causado pelo desrespeito a terras indígenas e ao modo de vida dos mesmos. O avanço da fronteira agrícola, a extração de madeira e o garimpo ilegal, além de prejudicarem os biomas, invadem ilegalmente território de reservas indígenas, causando mortes no embate entre garimpeiros e indígenas, além dessas atividades afetarem a saúde daqueles povos, poluindo rios e trazendo doenças.

As construções de barragens e usinas hidrelétricas liberadas pelo governo também é outro ponto de conflito com os povos indígenas, já que as barragens causam elevação do nível dos rios em muitas áreas, afetando as populações que vivem nas proximidades, e as que fazem o uso da água.


QUESTÕES DO ENCCEJA


QUESTÃO 37 (2019)



Na área da Floresta Amazônica, as ocupações são feitas sem respaldo econômico sustentável e, quase sempre, por meio de grilagem ou de títulos concedidos pelo Incra. E, depois da Constituição de 1988, os índios passaram a ser donos de 13% do território nacional, inclusive regiões de jazidas minerais e grandes áreas de florestas nativas. Está criado o cenário de disputas que levam à violência e à degradação ambiental. FERNANDES, B. M. et al (Org.). Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: Expansão Popular, 2007 (adaptado).

Vários especialistas e organizações ambientalistas têm denunciado a continuidade do processo de desmatamento e degradação dos ecossistemas amazônicos, apontando como principais motivos o(a): 

 

A) crescimento da população indígena e ribeirinha e o das migrações internas no país.

B) expansão da agropecuária extensiva e da soja, além da extração ilegal da madeira.

C) criação de pólos industriais e de projetos de infraestrutura urbana nessa região.

D) extração da borracha em escala industrial e as roças itinerantes de subsistência das famílias.



QUESTÃO 45 (2019)



O avanço das empresas e a expansão do capital sobre a Amazônia atingem principalmente as populações indígenas. A destruição da floresta implica a destruição da cultura indígena, isto é, do próprio indígena. A relação do índio com seu território é uma relação vital. Sua cultura milenar está diretamente associada e dependente de tudo aquilo que compõe seu território: o clima, as plantas, os animais, os minerais, os rios. Introduzir modificações neste território é o mesmo que destruir sua cultura, fazer com que o índio desapareça com a própria floresta. MARTINS, J. S. O poder do atraso: ensaios de sociologia da história lenta. São Paulo: Hucitec, 1994 (adaptado).

A destruição das florestas e a presença de não indígenas em seus territórios têm contribuído historicamente para sérias modificações no modo de vida dessas populações, devido ao(à):


A) ameaça de perda dos territórios onde vivem e de desorganização das suas tradições.

B) roubo das fórmulas e dos vários tipos de produtos de sua medicina tradicional.

C) deficiência da educação escolar indígena fornecida a esses povos pelo Estado brasileiro.

D) incompreensão pelos não indígenas dos padrões estéticos desses povos.



QUESTÃO 46 (2019)



Na agricultura, as máquinas, os insumos e as novas técnicas de produção elevam a produtividade do trabalho, permitindo que um número cada vez menor de pessoas produzam a mesma (ou maior) quantidade de mercadorias. NUNES, S. P. O desenvolvimento da agricultura brasileira e mundial e a ideia de desenvolvimento rural. Disponível em: www.deser.org.br. Acesso em: 24 ago. 2013.

A utilização desses recursos tecnológicos na atividade descrita tem como uma de suas consequências a redução do(a):

 

A) quantidade de empregos no campo.

B) taxa de lucratividade dos produtos.

C) mercado consumidor interno.

D) carga horária de trabalho


QUESTÃO 49 (2019)

A produção representada na imagem retrata a expansão de qual processo socioeconômico?

A) Fronteira agrícola.

B) Demanda de consumo.

C) Oportunidade de trabalho.

D) Deslocamento populacional


QUESTÃO 57 (2019)

O armazenamento de água nos caules e a presença de espinhos no mandacaru, facheiro e outros cactos são exemplos de água nas plantas. A queda total das folhas da aroeira e do juazeiro também diminui a perda de água pelas folhas. Só assim essas plantas conseguem sobreviver ao longo período de seca a que estão constantemente submetidas. YOUSSEF, M. P. B.; HARA, M.; RODRIGUES, R. M. Ambientes brasileiros: recursos e ameaças. São Paulo: Scipione, 1992.

A prática de recuperação adequada às características do bioma descrito é o(a):

A) replantio de espécies nativas nas áreas atingidas na Caatinga.

B) realização de queimadas programadas em áreas delimitadas do Cerrado.

C) introdução de árvores transgênicas em regiões desmatadas da Amazônia.

D) controle da pecuária extensiva nos espaçosdegradados da Mata Atlântica.


QUESTÃO 50 (2018)

A alteração da técnica produtiva ilustrada nas imagens exigiu do setor agrícola a:


A) valorização da agricultura familiar.

B) fiscalização dos direitos trabalhistas.

C) ampliação de trabalhadores no campo.

D) qualificação da mão de obra empregada.



QUESTÃO 49 (2017)



QUESTÃO 50 (2017)

QUESTÃO 56 (2017)



QUESTÃO 57 (2017)




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